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A Cibernética

  Para Mariotti (2007, p. 85) “’Cibernética’ vem do grego kibernetik , que significa ‘navegador’ ou ‘piloto’. Relaciona-se à expressão latina gubernador , e daí vem governor em inglês e ‘governador’ em português”. Para Capra (1996, p. 56) “a palavra deriva do grego kybernetes (‘timoneiro [1] ’), e Wiener [2] definiu a cibernética como a ciência do ‘controle e da comunicação no animal e na máquina’”. O sentido atual da cibernética, dado por Wiener “é a arte da comunicação e do controle dos seres humanos, máquina e animais”, podendo ser definida como “a ciência dos sistemas de controle”. Estes sistemas se auto-regulam e se auto-organizam, sendo capazes de se adaptarem às mudanças do meio em que estão permitindo manterem-se estáveis diante das variações (MARIOTTI, 2007, p. 85). Para Bertalanffy (1975, p. 41) “a cibernética é uma teoria dos sistemas de controle baseada na comunicação (transferência de informação) entre o sistema e o meio e dentro do sistema, e do controle (retroação) d
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O Homem e a Fragmentação

Para Bohm a fragmentação já se espalhou na sociedade e para cada indivíduo. O homem tende a fragmentar as coisas – dividir a arte, a ciência e a tecnologia em especialidades. Ou seja, o ambiente natural do homem é um agregado de partes existentes separadamente para ser explorado por diferentes grupos de pessoas (BOHM, 2008, p.18). Bohm (2008, p. 18) afirma que “a noção de que todos esses fragmentos existem de modo separado é evidentemente uma ilusão, e essa ilusão não chega a outro lugar a não ser a infindáveis conflitos e confusões”. O autor explica que “de fato, e até certo ponto, o homem, e o seu pensamento, sempre tem assumido como necessário e apropriado dividir e separar as coisas, para que assim seus problemas sejam reduzidos a proporções manejáveis”. É inevitável que o homem tenda a pensar de forma fragmentada, pois as teorias o induzem a tal – são fragmentações do todo, apresentando formas diferentes de ver as coisas, como se cada forma fosse a realidade como ela é. Ao cons

A realidade, o pensamento e a inteligência

Compreende-se que o pensamento é a totalidade composta da parte intelectual, emocional, sensorial e as reações musculares e físicas da memória. Todos estes processos ocorrem em conjunto, em um processo indissolúvel. Não podem ser tratados separadamente, pois geram fragmentação e confusão. São processos de reação da memória para cada situação real, que acaba por gerar uma nova contribuição para a memória, condicionando o próximo pensamento (BOHM, 2008, p. 63). O pensamento é basicamente mecânico, pois se trata de uma reação da memória, ou é a repetição de alguma estrutura previamente existente trazida da memória, ou ainda é uma nova organização desta memória de forma a produzir diferentes arranjos, categorias ou idéias, que não deixam de ser essencialmente mecânicas (BOHM, 2008, p. 64). A percepção destes pensamentos, se são adequados ou não, depende do funcionamento de uma energia que não é mecânica: a inteligência. A inteligência é capaz de perceber uma nova estrutura que não é ap

O conhecimento do observador sobre o sistema observado

Segundo Heisenberg (2005, p. 127) a percepção teórica do sistema observado varia de acordo com o conhecimento do observador. Maturana & Varela (1995, p. 34) enfatizam que “uma explicação é sempre uma proposição que reformula ou recria as observações de um fenômeno, num sistema de conceitos aceitáveis para um grupo de pessoas que compartilham um critério de validação”. Para Heisenberg o desenvolvimento da ciência modifica o pensamento do homem ao passar do tempo, principalmente nos últimos dois séculos [1] . Assim, os princípios éticos aceitáveis podem sofrer mudanças assim como os valores da sociedade e o entendimento científico da realidade (HEISENBERG, 2005, p. 102). A ciência é uma visão do lado objetivo da realidade, ao contrário da fé religiosa, que é a expressão das decisões subjetivas que ajudam a escolher os valores que guiam as ações. De um modo geral, as decisões são tomadas de acordo com a comunidade a qual se pertence, seja a família, o país ou o meio social, onde a m

Os círculos de causalidade

A tendência humana a respeito da realidade é enxergar as coisas com visão linear e não como estruturas de realimentação circular como acontecem em grande parte dos sistemas. Isto acontece, pois a percepção deriva da linguagem, que com sua estrutura sujeito-verbo-objeto favorece a visão linear [1] . Para que os inter-relacionamentos dos sistemas como um todo sejam visíveis é necessário que se faça uso de uma linguagem compatível, feita de círculos. Sem esta linguagem há apenas visões fragmentadas e ações contraproducentes. No pensamento linear, dizemos: “Estou enchendo um copo de água”. Isto parece muito simples para ser um sistema, mas há como pensar além do usual. A Figura 1 - Causalidade - Ponto de vista linear ilustra como a maioria das pessoas pensa (SENGE, 2002, p. 104). Figura 1 - Causalidade - Ponto de vista linear Na realidade observar um copo de água encher constitui um sistema circular, pois monitora-se o nível da água subir. Conforme o nível de água aumenta, percebe-s

Utilizando o diálogo para desvendar sistemas

Werner Heisenberg, famoso pela criação do princípio da incerteza e autor da notável obra “A parte e o todo” argumenta que “a ciência tem suas raízes nas conversações” (HEISENBERG apud SENGE, 2002, p. 266). A obra reconstrói diálogos com físicos famosos como Einstein, Bohr, Schrödinger, Dirac, entre vários outros. Claramente estes diálogos levaram os físicos a trocarem idéias importantes que os levou a diversas novas teorias que os deixaram famosos, como o próprio princípio da incerteza de Heisenberg e o princípio da complementaridade de Bohr. Curiosamente, é nítido na obra de Heisenberg que as idéias de ambos os princípios surgiram das discussões, principalmente entre ele e Bohr (SENGE, 2002, p. 266). Pode-se então chegar à conclusão de que coletivamente aumentam-se as chances de novas idéias, pois a inteligência do grupo é muito maior que a inteligência individual. Desta maneira, a capacidade de desvendar as interações sistêmicas de um dado problema é maior coletivamente do que indivi

Jogadores ou Gladiadores?

Na Roma antiga a forma de entretenimento mais popular era os “jogos” de gladiadores. Os gladiadores eram escravos treinados para lutar em uma espécie de estádio, onde o povo assistia até que um dos combatentes morresse, ficasse desarmado ou ferido. Geralmente ao final da batalha o povo decidia se o combatente que perdeu deveria morrer ou não. Figura 1 - Coliseum (uma espécie de estádio antigo) A palavra “entretenimento” significa divertimento ou distração. Era exatamente o objetivo do duelo, a distração. Enquanto o povo estava envolvido no “esporte”, os governantes podiam ficar tranquilos em sua posição social nobre exercendo seu contínuo domínio sobre o povo. É lógico que muita coisa evoluiu daqueles tempos para cá. O esporte mudou, ninguém mais morre em jogo e como a escravidão não existe mais os “gladiadores” tem que ser pagos para realizar o show, e na maioria das vezes são pagos o suficiente para levar uma vida de exageros. O que não mudou é a parte da distração, onde os governa